Em 1978, num ensaio de uma das bandas que integrava, conheceu Paulo Ricardo, na época com 16 anos. Conversaram muito e iniciaram uma parceria que já dura 25 anos. Fundaram o Aura, com forte influência dos grupos ingleses de rock progressivo. A vida do Aura foi curta, cerca de um ano e meio e seu fim foi decretado por desentendimentos entre os membros, mas marcou uma fase de grande pesquisa e desenvolvimento dos músicos, que influenciou bastante a primeira fase do RPM.
Durante algum tempo a dupla com Paulo Ricardo ficou em segundo plano, pois enquanto este buscava experiência tocando na noite e interpretando clássicos do rock, Luiz Schiavon se aprofundava no estudo da tecnologia dos sintetizadores e da eletroacústica, formando nesta época um trio instrumental composto apenas por teclados, de nome Solaris.
Foram feitas algumas apresentações, incluindo uma de muito sucesso na TV Cultura, no programa Fábrica do Som, em 1983. Esgotado o que havia para absorver da área de música eletrônica, Schiavon se voltou para a então iniciante New Wave inglesa, onde despontavam grupos como Duran Duran, Depeche Mode, Ultravox, entre outros que usavam os teclados de maneira bem pop.
Nesta época, Paulo Ricardo estava em Londres e durante 6 meses houve uma grande troca de correspondência, onde os dois rascunhavam o que seria grupo dos sonhos de ambos, numa elaboração detalhista que não deixava de fora sequer o guarda-roupa. Assim que Paulo retornou reencontrou Schiavon, que já estava equipado com novos teclados e uma bateria eletrônica.
Começaram a compor juntos o que seria a base do repertório do primeiro álbum do RPM. Ainda como dupla gravaram uma fita demo e a enviaram à extinta CBS, que primeiramente negou a proposta. Sem opções para gravar um disco com este material, Schiavon se dedicou a trabalhos como tecladista e arranjador de diversos artistas iniciantes, enquanto ao mesmo tempo continuava, juntamente com Paulo, a busca por um guitarrista e um baterista.
Nesta época começou a tocar com a cantora Mae East (ex-Gang 90). Foi então que conheceu Fernando Deluqui, que foi convidado por Luiz a integrar a banda, então batizada de RPM. Na bateria estava o excelente Júnior, mas que por ter apenas 16 anos tinha problemas para poder tocar a noite nas danceterias paulistanas. Foi obrigado a abandonar a banda. Luiz havia conhecido um excelente baterista numa Jam na casa de amigos comuns por volta de 1981, mas tinha desistido de reencontrá-lo pois este baterista era bastante solicitado na época. Com a saída de Júnior e um contrato já assinado com a CBS para gravação do primeiro "LP", Schiavon foi novamente procurar o Paulo Pagni, que imediatamente se juntou à banda. Foi assim, por convite de Luiz, que tanto Fernando quanto P.A. se tornaram RêPêMês.
Depois do fim do RPM, Schiavon montou uma banda pop-rock de nome Projeto "S". Foi lançado apenas um álbum, com venda de 15 mil cópias, o que na época era considerado bom para um selo independente.
Em 91 assinou com a gravadora Stilleto, especializada em dance music. Foi lançado um single com os vocais divididos entre a cantora Patrícia Coelho e o vocalista Tzaga Silos. Este single, de nome "Alice no País do Espelho" foi muito bem executado nas FMs do segmento, mas com a morte prematura aos 40 anos do amigo de Luiz e proprietário da gravadora, o inglês Lawrence, Schiavon preferiu interromper as gravações do álbum e encerrou a fase de trabalho com o Projeto S.
Em 92 foi convidado a desenvolver um complexo trabalho de shows ao ar livre, mais ou menos nos moldes das apresentações do tecladista Jean-Michel Jarret, destinado a grandes platéias e com interferência nas cidades, utilizando elementos da arquitetura para projeções e estações de lasers. Este projeto durou 2 anos, patrocinado pelo Bamerindus, teve cerca de 40 apresentações por todo o sul do Brasil, de São Paulo ao Rio Grande do Sul, sempre com platéias acima de 10 mil pessoas, culminando com um show em Curitiba, na entrega do restaurado Palácio Avenida, para 50 mil espectadores. Com o final deste projeto, Luiz prefere deixar definitivamente os palcos.
Passa então a se dedicar exclusivamente ao estúdio, montado em SP desde 1988. Por volta de 1994 começou o que acabou recebendo o apelido de "fábrica de hits". Foram músicas gravadas por dezenas de artistas, tanto consagrados quanto iniciantes. Até mesmo o ator Antonio Fagundes foi convencido a gravar um CD, lançado pela Som Livre. Paralelamente se dedica à criação publicitária, somando mais de 200 jingles e trilhas comerciais nos 2 ou 3 anos iniciais.
Em 1996 inicia um novo tipo de trabalho, compondo trilhas sonoras para novelas da Rede Globo. A primeira foi "O Rei do Gado", que tem quatro músicas de sua autoria. "O Rei do Gado", com a Orquestra da Terra, "Doce Mistério", com Leandro e Leonardo, e "Pirilume", com João Paulo e Daniel, foram as mais tocadas.
Além deste trabalho como compositor e arranjador, fica responsável pela seleção musical das duas trilhas desta novela, que chegaram à excepcional vendagem de 4 milhões de cópias. A próxima novela foi "Terra Nostra" (1999). Com a credibilidade obtida com "O Rei do Gado", Schiavon tem total liberdade criativa e escreve a abertura da novela (além de várias outras canções da trilha), conseguindo ainda a participação da soprano inglesa Charllote Church num dueto com Agnaldo Rayol e participação da London Studio Orchestra. Esta música se tornou sucesso no Brasil e no exterior, sendo executada em mais de 100 países.
Finalmente veio "Esperança" (2002). Foi a última trilha feita por Schiavon, pois o trabalho com o RPM já havia começado e exigia total dedicação. Mais uma vez foi sucesso com a faixa de abertura, gravada pela primeira vez em 4 línguas, com a participação de Laura Pausini na versão em italiano. E o tema da Nina (Maria Fernanda Candido), "Onde está o meu amor", com o RPM.
A volta do RPM:
No final de 2000 Luiz foi convidado por Fernando a fazer uma participação especial em um show que este iria fazer em São Paulo. Apesar de não poder participar, este encontro - depois de mais de 10 anos de separação - deixou uma idéia latente na cabeça de Schiavon.
Esta idéia foi amadurecendo durante quase um ano, e no final de 2001 Luiz tomou a decisão que iria definir a volta da banda. Montou um projeto de retorno do RPM, ligou para Paulo Ricardo, pegou um avião e passou uma bela tarde no Rio, onde Paulo estava morando na época.
Com seu velho parceiro já convencido, voltou à São Paulo, procurou Fernando e expôs a idéia. Este aceitou, embora ainda estivesse envolvido com um álbum solo independente. Só faltava P.A. Alguns dias depois do primeiro encontro com Paulo Ricardo, este veio para São Paulo e foram juntos à casa do Gnomo. O sorriso que o P.A. abriu quando viu Luiz e Paulo novamente juntos foi indescritível.
Ele chegou ao portão da casa, os abraçou e falou "Não precisam falar nada! Estou dentro!" Com a volta da banda e a decisão firme de retomar à carreira do RPM, Luiz teve que deixar de lado suas outras atividades empresariais, como a administração de seu estúdio, de uma empresa de eventos e de um centro de lazer em Campos de Jordão. Mas segundo suas próprias palavras: "Não tem nada igual subir no palco com o RPM. Não há dinheiro no mundo que pague isso.
No início de 2011 Paulo Ricardo e Luiz Schiavon já estavam compondo novas canções e ensaiando com Fernando Deluqui e Paulo P.A. Pagni. O show que marcou o retorno foi no encerramento da Virada Cultural em São Paulo, no dia 17 de abril de 2011. O lançamento oficial da nova turnê da banda foi no dia 20 de maio do mesmo ano, no Credicard Hall, em São Paulo, apresentando as novas canções e os clássicos dos anos 80. Já o lançamento do álbum “Elektra” foi no dia 18 de novembro de 2011, no Citibank Hall, no Rio de Janeiro. O novo trabalho, traz um CD duplo com 12 canções inéditas, com destaque para “Dois Olhos Verdes”, “Muito Tudo”, “Ela é Demais (Pra mim)” e a regravação de “Ninfa”. O CD 2, é composto por sete, das doze canções inéditas, remixadas pelo DJ Joe K.
Atualmente e desde 2018 continua à frente do RPM, em sua nova formação, com Fernando Deluqui (Guitarra), Dioy Palone (Baixo e Voz) e Kiko Zara (Bateria).
3 Comentarios
Sou seu fã meu amigo. Me tornei músico por sua "culpa". quando escutei pela primeira vez o som dos sintetizadores na década de 1978 pedi para meu pai me colocar na aula de música, seu som mexeu demais comigo. Desde então sigo o RPM, idas e vindas, e torço muito por essa nova formação. Não podemos ficar sem o som da maior banda de rock de todos os tempo. Grande abraço e boa sorte
ResponderEliminarSou tecladista xará, meu nome é Luiz Antônio Pereira. Tenho um esboço de uma melodia feita em meus teclados, que nem tentei colocar letra ainda, porque só consegui pensar no seu nome para isso. Podemos ver essa empreitada?
ResponderEliminarSaudades desse cara!🙂Fui enfermeira do Dr Antônio, quanta saudades de todos. Beijos Luiz e Marisa❤️
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