UM POUCO MAIS SOBRE LUIZ SCHIAVON (Primeira parte)

UM POUCO MAIS SOBRE LUIZ SCHIAVON (Primeira parte)


Luiz Antônio Schiavon Pereira

Iniciou os estudos de piano erudito aos 7 anos, em 1965, formando-se no Conservatório Mário de Andrade, em São Paulo em 1977. 
Enquanto cursava a Faculdade de Arquitetura vinha buscando parceiros que repartissem com ele a busca por um rock mais elaborado. Em 1978, num ensaio de uma das bandas que integrava, conheceu Paulo Ricardo, na época com 16 anos. 

Conversaram muito e iniciaram uma longa parceria. Fundaram o Aura, com forte influência dos grupos ingleses de rock progressivo.

A vida do Aura foi curta, cerca de um ano e meio e seu fim foi decretado por desentendimentos entre os membros, mas marcou uma fase de grande pesquisa, especialmente para Schiavon, que podia escrever, testar e arranjar livremente. Isso influenciou bastante o que viria a ser a primeira fase do RPM.

Depois da dissolução, enquanto Paulo buscava experiência tocando na noite e interpretando clássicos do rock, Luiz Schiavon se aprofundava no estudo da tecnologia dos sintetizadores e da eletroacústica, formando nesta época um trio instrumental composto apenas por teclados, de nome Solaris. Foram feitas algumas apresentações, incluindo uma de muito sucesso na TV Cultura, no programa Fábrica do Som, em 1983.

Esgotado o que havia para absorver da área de música eletrônica, Schiavon se voltou para a então iniciante New Wave inglesa, onde despontavam grupos como Duran Duran, Depeche Mode, Ultravox, entre outros que usavam os teclados de maneira bem pop.

Foi nesta época que rascunhou com Paulo o que viria a ser a banda RPM, numa elaboração detalhista que não deixava de fora sequer o guarda-roupa. Começaram a compor juntos a base do repertório do primeiro álbum do RPM e ainda como dupla gravaram uma fita demo e a enviaram à extinta CBS, que primeiramente negou a proposta.

Sem opções para gravar um disco com este material, Schiavon se dedicou a trabalhos como tecladista e arranjador de diversos artistas iniciantes, enquanto ao mesmo tempo iniciava a busca por um guitarrista e um baterista.

Nesta época começou a tocar com a cantora Mae East (ex-Gang 90). Foi então que conheceu Fernando Deluqui, que foi convidado por Luiz a integrar a banda, que só então recebeu o nome RPM. Na bateria estava o excelente Júnior, mas que por ter apenas 16 anos tinha problemas para poder tocar a noite nas danceterias paulistanas. Foi obrigado a abandonar a banda.

Luiz havia conhecido um baterista numa Jam na casa de amigos comuns por volta de 1981. Com a saída de Júnior e um contrato já assinado com a CBS para gravação do primeiro "LP", Schiavon foi novamente procurar o Paulo Pagni, que imediatamente se juntou à banda. 

Foi assim, por convite de Luiz, que tanto Fernando quanto P.A. se tornaram RêPêMês.
Depois do fim do RPM, Schiavon montou uma banda pop-rock de nome Projeto "S". Foi lançado apenas um álbum, com venda de 15 mil cópias, o que na época era considerado bom para um selo independente.

Em 91 assinou com a gravadora Stilleto, especializada em dance music. Foi lançado um single com os vocais divididos entre a cantora Patrícia Coelho e o vocalista Tzaga Silos. Este single, de nome "Alice no País do Espelho" foi muito bem executado nas FMs do segmento, mas com a morte prematura aos 40 anos do amigo de Luiz e proprietário da gravadora, o inglês Lawrence, Schiavon preferiu interromper as gravações do álbum e encerrou a fase de trabalho com o Projeto S.

Em 92 foi convidado a desenvolver um complexo trabalho de shows ao ar livre, mais ou menos nos moldes das apresentações do tecladista Jean-Michel Jarret, destinado a grandes platéias e com interferência nas cidades, utilizando elementos da arquitetura para projeções e estações de lasers.

Este projeto durou 2 anos, patrocinado pelo Bamerindus, teve cerca de 40 apresentações por todo o sul do Brasil, de São Paulo ao Rio Grande do Sul, sempre com platéias acima de 10 mil pessoas, culminando com um show em Curitiba, na entrega do restaurado Palácio Avenida, para 50 mil espectadores.
Com o final deste projeto, Luiz prefere deixar definitivamente os palcos. Passa então a se dedicar exclusivamente ao estúdio, montado em SP desde 1988. Por volta de 1994 começou o que acabou recebendo o apelido de "fábrica de hits".

Foram músicas gravadas por dezenas de artistas, tanto consagrados quanto iniciantes. Até mesmo o ator Antonio Fagundes foi convencido a gravar um CD, lançado pela Som Livre. Paralelamente se dedica à criação publicitária, somando mais de 200 jingles e trilhas comerciais nos 2 ou 3 anos iniciais.

Em 1996 inicia um novo tipo de trabalho, compondo trilhas sonoras para novelas da Rede Globo. A primeira foi "O Rei do Gado", que tem quatro músicas de sua autoria. "O Rei do Gado", com a Orquestra da Terra, "Doce Mistério", com Leandro e Leonardo, e "Pirilume", com João Paulo e Daniel, foram as mais tocadas. Além deste trabalho como compositor e arranjador, fica responsável pela seleção musical das duas trilhas desta novela, que chegaram à excepcional vendagem de 4 milhões de cópias.

A próxima novela foi "Terra Nostra" (1999). Com a credibilidade obtida com "O Rei do Gado", Schiavon tem total liberdade criativa e escreve a abertura da novela (além de várias outras canções da trilha), conseguindo ainda a participação da soprano inglesa Charllote Church num dueto com Agnaldo Rayol e participação da London Studio Orchestra. Esta música se tornou sucesso no Brasil e no exterior, sendo executada em mais de 100 países.

Finalmente veio "Esperança" (2002). Mais uma vez foi sucesso com a faixa de abertura, gravada pela primeira vez em 4 línguas, com a participação de Laura Pausini na versão em italiano. E o tema da Nina (Maria Fernanda Candido), "Onde está o meu amor", com o RPM.

Publicar un comentario

1 Comentarios

  1. Mestre Luiz Schiavon ! aprendi a gostar de sintetizadores assistindo vc no começo da banda RPM ! forte abraço e muito obrigado por tudo que vc fz e faz pra nossa música brasileira !!!

    ResponderEliminar